Com o endurecimento da política tarifária pela administração Trump, as receitas de tarifas nos Estados Unidos aumentaram de forma significativa. Para devolver este acréscimo de receita pública à sociedade, Trump lançou o plano de “dividendo tarifário”, prevendo a atribuição de uma parte dos lucros das tarifas de importação sob a forma de pagamentos diretos em dinheiro a residentes elegíveis nos EUA.
Esta medida representa não só um prolongamento da estratégia comercial agressiva de Trump, como também responde a objetivos políticos claros. Permite-lhe cumprir compromissos junto dos defensores da política protecionista e pode revelar-se decisiva para atrair eleitores da classe média e de rendimentos moderados. Por este motivo, é vista como um componente fundamental da sua estratégia económica de largo alcance.

Fonte: https://www.axios.com/2025/11/17/2000-tariff-dividend-trump-check-2026
De acordo com as comunicações mais recentes de Trump, pretende distribuir cheques de dividendo tarifário no valor de 2 000 $ por pessoa a partir de meados de 2026. Em conferência de imprensa, destacou que estes pagamentos se destinam sobretudo a residentes nos EUA com rendimentos moderados e médios. A Casa Branca confirmou esta intenção.
O plano prevê financiamento exclusivo através das receitas das tarifas aplicadas. Segundo a administração Trump, as receitas recentemente arrecadadas são suficientes para sustentar o dividendo. No entanto, economistas alertam para o elevado custo potencial; algumas análises sugerem que, se o benefício for alargado a um universo vasto de cidadãos da classe média, o total das despesas pode atingir centenas de milhares de milhões de dólares.
Os defensores argumentam que o “dividendo tarifário” transfere diretamente os ganhos da política comercial para os cidadãos, podendo aliviar pressões financeiras sobre a classe média e mitigar o descontentamento público causado pelo aumento das tarifas.
Já os críticos, sobretudo economistas e conservadores fiscais, alertam que pagamentos de grande escala podem aumentar a inflação, agravar o défice orçamental e acentuar a instabilidade macroeconómica nos EUA em futuros ciclos.
Trump encara esta proposta como uma alavanca estratégica para aumentar o seu capital político. Ao prometer dividendos em dinheiro antes de eleições importantes, nomeadamente as intercalares de 2026, pretende reforçar o apoio entre eleitores da classe média. Se o calendário de distribuição coincidir com o ciclo eleitoral, a medida tornar-se-á ainda mais poderosa como instrumento político.
Em síntese, a iniciativa de Trump para atribuir dividendos tarifários de 2 000 $ por pessoa aos residentes nos EUA com rendimentos médios é arrojada e controversa. Apesar de oferecer estímulo económico imediato e vantagens políticas, apresenta riscos significativos. A implementação dependerá das decisões do Congresso, dos tribunais e da concretização das previsões de receita. O desenrolar dos próximos meses e até às intercalares de 2026 deverá ser acompanhado com atenção.





