segwit

Segregated Witness (SegWit) representa uma melhoria técnica na blockchain do Bitcoin, que isola as assinaturas das transações (dados witness) dos respetivos dados, armazenando-as numa estrutura própria. Esta atualização, introduzida através de uma soft fork em 2017, elimina problemas de maleabilidade nas transações, amplia a capacidade dos blocos e permite a implementação de soluções de escalabilidade de segunda camada, como a Lightning Network, ao incorporar novos formatos de endereço e de transação.
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Segregated Witness (SegWit) constitui uma atualização técnica de relevo na blockchain Bitcoin, ativada oficialmente em agosto de 2017. Esta solução reestrutura os blocos ao separar as assinaturas das transações (dados de testemunho) dos próprios dados das transações, que passam a ser armazenados numa estrutura autónoma. Esta inovação resolve eficazmente o problema da maleabilidade das transações, aumenta a capacidade dos blocos, otimiza o desempenho da rede e estabelece a base para soluções de escalabilidade de segunda camada, como a Lightning Network.

Contexto: Origem do SegWit

O conceito de Segregated Witness surgiu pela primeira vez em dezembro de 2015, apresentado pelo programador do Bitcoin Core, Pieter Wuille, durante o workshop Scaling Bitcoin realizado em Hong Kong. Nessa altura, a rede Bitcoin enfrentava desafios sérios de escalabilidade, com o limite de 1 MB por bloco a provocar congestionamento e aumento das taxas de transação. Paralelamente, a vulnerabilidade de maleabilidade permitia modificar os IDs das transações antes da confirmação, dificultando o desenvolvimento de canais de pagamento mais sofisticados.

Em pleno debate na comunidade sobre a melhor forma de resolver o problema da escalabilidade, SegWit foi proposto como uma atualização soft fork capaz de aumentar a capacidade efetiva dos blocos sem comprometer o consenso, corrigindo ao mesmo tempo a maleabilidade das transações. Após cerca de um ano e meio de desenvolvimento e testes, SegWit foi implementado através do BIP 141 (Bitcoin Improvement Proposal) e ativado com sucesso em agosto de 2017, depois de atingido o limiar necessário.

Funcionamento: Como opera o SegWit

O mecanismo central do SegWit assenta na reestruturação das transações, nomeadamente:

  1. Separação de Dados – Os dados de “testemunho” (assinaturas e scripts) são dissociados dos dados principais da transação e transferidos para uma estrutura autónoma.

  2. Ajuste do Cálculo de Peso – Na avaliação do tamanho do bloco, os dados de testemunho recebem um peso reduzido de 0,25 unidades por byte, ao passo que os dados não testemunho mantêm 1 unidade. Assim, cada bloco pode agregar mais transações, elevando o limite prático para cerca de 4 MB.

  3. Novo Formato de Endereço – Um novo formato de endereço (Bech32, iniciado por “bc1”) foi criado para transações SegWit, permitindo melhor deteção de erros e códigos QR mais concisos.

  4. Alteração na Geração do ID de Transação – Os dados de assinatura deixam de integrar o cálculo dos txid, eliminando a maleabilidade e garantindo a estabilidade dos IDs após a transmissão.

Do ponto de vista técnico, SegWit introduz novas regras de versão para o sistema de script do Bitcoin, classificando as transações antigas como versão 0 e as de SegWit como versão 1, o que assegura compatibilidade retroativa e validação contínua por nós não atualizados.

Riscos e Desafios do SegWit

Apesar dos benefícios, a adoção do SegWit enfrentou vários riscos e desafios:

  1. Taxa de Adoção – Sendo uma funcionalidade opcional, SegWit dependia da integração ativa por carteiras e plataformas de negociação, o que resultou numa adoção inicial lenta.

  2. Complexidade Técnica – A implementação exigiu alterações profundas ao software das carteiras, aumentando a exigência técnica e o risco de falhas.

  3. Divisão na Comunidade – A ativação de SegWit gerou clivagens profundas entre os membros da comunidade Bitcoin, culminando no fork que originou Bitcoin Cash.

  4. Segurança – As novas regras de verificação de scripts e o formato de endereço exigiram testes rigorosos para evitar vulnerabilidades.

  5. Período de Transição – Até à adoção integral de SegWit, foi necessário garantir compatibilidade entre ambos os tipos de transações, o que aumentou a complexidade operacional da rede.

Ainda assim, a ativação bem-sucedida do SegWit é reconhecida como um marco essencial na evolução técnica do Bitcoin, evidenciando que grandes atualizações podem ser realizadas via soft fork.

SegWit representa um momento determinante no desenvolvimento técnico do Bitcoin, ao resolver problemas estruturais críticos e ao preparar o caminho para futuras inovações. Ao eliminar a maleabilidade das transações, SegWit tornou possível implementar soluções de escalabilidade de segunda camada, como a Lightning Network, e traçou uma estratégia para a escalabilidade sustentável da rede. Simultaneamente, a sua implementação destacou os desafios da governação descentralizada e das atualizações técnicas, bem como a complexidade do consenso em sistemas distribuídos. Progressivamente, SegWit tornou-se padrão na rede Bitcoin, comprovando o seu valor técnico e racionalidade de design.

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