Salário mínimo Portugal 2024 e 2025: Vale realmente a pena migrar?

Quando se fala em remuneração europeia, Portugal desperta curiosidade especial entre quem planeja se mudar do Brasil. Mas antes de fazer malas, é preciso entender de verdade o que significa ganhar € 870 mensais — quanto fica na conta depois dos descontos, como isso se compara com a vida no Brasil e se o custo de vida português não engole tudo que se ganha.

O cenário salarial português: números que precisam ser contextualizados

Em 2025, o salário mínimo em Portugal chegou a € 870 mensais no continente, uma revisão em relação aos € 820 de 2024. Nas regiões autônomas, os valores são ligeiramente superiores: Madeira oferece € 913,50 e Açores, € 915.

Convertendo para reais, essa remuneração base representa aproximadamente R$ 5.584, o que numericamente parece muito atrativo. Porém, Portugal está longe de ser um dos países europeus com melhores salários — dados da Eurostat confirmam que o país figura entre os pisos salariais mais baixos da Europa Ocidental, perdendo para mercados mais desenvolvidos.

A política governamental prevê reajustes anuais até 2026, sinalizando uma trajetória de valorização gradual. Ainda assim, é importante reconhecer que quem recebe apenas o mínimo enfrenta realidades bem diferentes nas várias cidades do país.

Do bruto para o líquido: quanto sobra de verdade

A ilusão do número grande desaparece quando entram os descontos. O primeiro golpe é a Segurança Social, com 11% obrigatório para todos os trabalhadores. Em seguida vem o IRS (Imposto de Renda), aplicado para quem ultrapassa determinados patamares de ganho.

Fazendo as contas práticas com o salário mínimo Portugal 2025:

  • Valor bruto: € 870
  • Desconto Segurança Social (11%): € 95,70
  • Salário líquido sem IRS: € 774,30

Se houver retenção de IRS, o número cai ainda mais. Isso significa que, do montante de € 870 que aparece na proposta, menos de € 775 efetivamente chegam à conta — uma diferença de quase 11% que muitos não consideram no planejamento.

Quanto recebem diferentes profissões em Portugal

O salário mínimo é piso, não teto. Profissões qualificadas recebem significativamente mais:

  • Engenheiros: € 2.200–€ 3.500
  • Desenvolvedores: € 1.800–€ 3.000
  • Enfermeiros: € 1.400–€ 2.200
  • Eletricistas/Encanadores: € 1.200–€ 1.800
  • Recepcionistas: € 900–€ 1.300

Para quem possui qualificação, a remuneração portuguesa oferece ganhos reais. Para quem depende do mínimo, a história é diferente.

O valor real por hora: a perspectiva do trabalhador horista

Com € 870 mensais em jornada de 40 horas semanais:

  • Horas de trabalho por mês: 176
  • Valor da hora: aproximadamente € 4,94
  • Trabalho em meio período: cerca de € 435 mensais

Profissões especializadas podem ganhar € 10, € 15 ou até € 20 por hora — uma diferença brutal no acúmulo anual.

Custo de vida em Portugal: onde o dinheiro realmente vai

Dados do Expatistan mostram que uma pessoa sozinha precisa de aproximadamente € 1.800 mensais para viver confortavelmente em Portugal, enquanto uma família de quatro necessita de € 3.304. Portugal é o 2º país mais barato da Europa Ocidental, mas isso não significa que seja acessível com salário mínimo.

Alimentação:

  • Refeição rápida: € 8
  • Menu completo em restaurante: € 12
  • Frango (500g): € 3,36
  • Queijo (500g): € 4,90

Habitação (maior gasto):

  • Apartamento T2 (85m²) em bairro valorizado: € 1.518
  • Mesmo imóvel em região comum: € 1.005
  • Studio em zona periférica: € 729

Transporte e Utilidades:

  • Gasolina: € 1,69 por litro
  • Passe mensal: € 35
  • Academia: € 34
  • Energia + água + gás: € 112
  • Consulta médica: € 65

Portugal vs Brasil: a comparação que importa mesmo

Numericamente, € 870 (≈ R$ 5.500) supera em muito o salário mínimo brasileiro de R$ 1.518. Mas o poder de compra conta uma história diferente.

Em Portugal, de um salário mínimo de € 870, sobra aproximadamente € 770 após descontos. Aluguel em zona urbana consome € 1.000–€ 1.500, o que já coloca o trabalhador em deficit. No Brasil, embora o valor nominal seja menor, alguns custos básicos são proporcionalmente mais acessíveis, permitindo maior margem com o mesmo salário.

A conclusão é paradoxal: Portugal paga mais, mas também cobra mais para viver. Quem possui formação qualificada ou experiência valorizada no mercado europeu encontra oportunidades significativamente melhores em remuneração ajustada ao custo de vida.

Consegue-se viver com salário mínimo em Portugal?

Tecnicamente sim, mas depende de:

  • Localização: Lisboa e Porto exigem rigor financeiro absoluto; cidades médias como Covilhã ou Guarda oferecem margem maior
  • Estilo de vida: Compartilhar aluguel e evitar gastos discricionários é essencial
  • Perspectivas de aumento: Ficar apenas no mínimo por anos é insustentável; é necessário planejar progressão

Para quem recebe o mínimo, a experiência é de apertada convivência com as contas. Para profissionais qualificados, Portugal oferece estabilidade e crescimento médio e longo prazo.

Decisão fundamentada: além dos números

Migrar para Portugal compensa? A resposta depende:

  • Sua profissão está em demanda? Vagas de engenharia, TI e saúde pagam bem acima do mínimo
  • Qual cidade você escolheria? A diferença entre Lisboa e Évora é determinante
  • Seu objetivo é imediato ou estratégico? Ganho curto prazo pode decepcionar; investimento de 3–5 anos tende a compensar
  • Qual é sua posição salarial no Brasil? Quem ganha acima do mínimo no Brasil frequentemente encontra em Portugal oportunidades ainda melhores

A melhor migração não é a que compara apenas salários nominais, mas a que avalia todo o contexto: oportunidades profissionais na sua área, custo de vida na região escolhida, carga tributária, segurança e qualidade de vida. Para trabalhadores especializados, Portugal tende a oferecer um cenário mais favorável. Para quem depende do salário mínimo, a mudança exige planejamento realista e disposição de viver com controle rígido de despesas.

Compreender esses fatores transforma a decisão de mudança de país em planejamento seguro e financeiramente sustentável.

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