A pressão de liquidez aumentou e o dólar ficou mais restrito; o Fed anunciou a suspensão do QT e pode retomar a expansão do balanço patrimonial no próximo ano.
Desde outubro, as instituições financeiras dos EUA têm enfrentado maior pressão de liquidez, o dólar ficou mais escasso e a moeda americana iniciou um movimento de retomada cíclica. Na reunião do FOMC de 29 de outubro, o Fed anunciou que pretende encerrar o quantitative tightening (QT) em 1º de dezembro. A decisão é semelhante à de 2019, interrompendo a redução dos títulos do Tesouro e mantendo o runoff de MBS com limite mensal de US$ 35 bilhões, reinvestindo os pagamentos de principal dos MBS em Treasury bills. Desde junho de 2022, o Fed reduziu cerca de US$ 2,3 trilhões, mais de 25% do balanço patrimonial, sendo aproximadamente US$ 1,6 trilhão em Treasuries e US$ 600 bilhões em MBS. Desde julho, os empréstimos pela janela de desconto aumentaram e a pressão de liquidez se intensificou após fraudes em bancos regionais; a utilização do Standing Repo Facility do Fed superou US$ 5 bilhões e ultrapassou US$ 10 bilhões em 29 de outubro.
A medida reforça a liquidez do dólar de forma geral e libera recursos de modo direcionado para o mercado de Treasuries, buscando aliviar o estresse recente nos mercados de financiamento de curto prazo e evitar riscos sistêmicos de liquidez. Também sinaliza uma aproximação entre política monetária e fiscal. É possível que o Fed retome a expansão do balanço já no primeiro trimestre e, no máximo, até o terceiro trimestre do ano seguinte. Caso spreads críticos dos mercados de financiamento garantido overnight, como SOFR-ONRRP ou SOFR-IORB, permaneçam em patamares elevados pós-pandemia, o Fed pode até retomar a expansão do balanço ainda este ano.
Na agenda desta semana estão os dados de inflação dos EUA, pedidos iniciais de auxílio-desemprego, relatório orçamentário mensal, PPI, vendas no varejo e estoques empresariais. Com o shutdown do governo americano, a divulgação oficial dos dados segue adiada, mas indicadores do setor privado mostram ansiedade crescente do mercado sobre o cenário econômico. Na semana passada, a pesquisa da Universidade de Michigan revelou a menor confiança do consumidor dos últimos três anos, com queda significativa nas expectativas para o futuro. (1, 2)

Sentimento Nacional EUA – Universidade de Michigan

DXY
O dólar americano mostrou leve tendência de queda na última semana, recuando de mais de US$ 100 para US$ 99,654, enquanto outras moedas globais se valorizaram e investidores buscaram equilibrar o tom hawkish do Fed e as incertezas sobre a economia dos EUA. (3)

Juros dos Títulos de 10 e 30 anos dos EUA
Os rendimentos dos títulos de curto e longo prazo dos EUA subiram na semana passada em razão do blackout nos dados econômicos e da continuidade do shutdown governamental. Investidores apostam que o impasse será encerrado em breve, após proposta do líder da minoria no Senado. (4)

Ouro
O ouro valorizou na última semana devido ao enfraquecimento do dólar e à incerteza causada pelo shutdown, ampliando a busca por ativos de proteção enquanto o mercado de ações recuou. (5)

Preço BTC

Preço ETH

Índice ETH/BTC
O BTC caiu 5,26% na semana passada e o ETH recuou 8,29%. ETFs de Bitcoin tiveram saída líquida de US$ 1,22B, a terceira maior da história. ETFs de Ethereum registraram saída de US$ 507,83M, também a terceira maior já vista. (6)
O índice ETH/BTC recuou mais 3,17%, para 0,0342, mantendo uma tendência de baixa. O Índice Fear & Greed do BTC caiu para 29, retornando à zona de medo. (7)

Marketcap Total Cripto

Marketcap Total Cripto Excluindo BTC e ETH

Marketcap Total Cripto Exceto Top 10
O valor total do mercado cripto recuou 5,26% na semana, enquanto o mercado sem BTC e ETH caiu 3,88%. BTC e ETH lideraram a queda, e o restante das altcoins (exceto top 10) teve apenas leve correção de 1,05%.
O segmento de moedas de privacidade manteve forte desempenho, com destaque para Zcash (ZEC), cujo volume de transações shielded de curto prazo atingiu máxima histórica. Outro destaque foi NEAR Intent, protocolo multichain de transações que atua como infraestrutura e já integra DEXs como SwapKit, Zashi e KyberSwap. As taxas do protocolo atingiram máxima histórica, em torno de US$ 300K por dia.

Fonte: Coinmarketcap e Gate Ventures, em 10 de novembro de 2025
O mercado de altcoins manteve forte ritmo, liderado por ICP (Internet Computer), ZEC (Zcash) e XMR (Monero). ICP foi destaque absoluto, com valorização de 80,9%. No aspecto técnico, o ICP apresenta a maior taxa de processamento em tempo real do mercado, com 1.145 tx/s, superando Solana (819 tx/s). (8)
ZEC subiu 68,7% e manteve desempenho consistente. O volume de transações semanais atingiu máxima anual de 190 mil, enquanto ativos shielded somam 4,8 milhões de ZEC, equivalentes a cerca de 26% do total em circulação. Transações shielded chegaram a 22%, alta de 46,7% em relação aos 15% do ano anterior, indicando preferência crescente dos usuários por métodos anônimos. (9)
Intuition está construindo uma camada de infraestrutura para a “web semântica” do Web3, onde reputação, confiança, identidade e conhecimento humano tornam-se ativos on-chain monetizáveis, componíveis e acessíveis por aplicativos. Apoiado por nomes como ConsenSys e Polygon Ventures, o projeto busca aproximar IA, propriedade de dados e redes descentralizadas de conhecimento.
Após o evento de geração de token, o 0xIntuition foi listado em exchanges como Gate, Upbit, Bithumb e Coinbase. O token chegou a US$ 0,58 no primeiro dia e hoje negocia em torno de US$ 0,20.
Chainlink e Dinari lançam o S&P Digital Markets 50 Index on-chain, monitorando 35 empresas dos EUA que adotam blockchain e 15 grandes ativos digitais. Desenvolvido com S&P Dow Jones Indices, o benchmark utiliza oráculos Chainlink para fornecer preços verificados em tempo real e transparência entre TradFi e cripto. O lançamento segue a parceria da Chainlink com a FTSE Russell e reforça o papel da Dinari na tokenização de ações via dShares, plataforma que já oferece acesso a mais de 200 ativos tokenizados dos EUA. (10)
MARA Holdings (NASDAQ: MARA) registrou lucro recorde de US$ 123M no terceiro trimestre, alta de 92% ante o ano anterior, com receita de US$ 252M, impulsionada pelo preço do BTC, eficiência operacional e aumento de 64% no hashrate. A companhia soma 53.250 BTC (~US$ 5,6B) e planeja projeto de data center e energia de 1,5GW no Texas, em parceria com MPLX LP, reforçando seu foco em IA e infraestrutura energética. Com US$ 6,8B em caixa e BTC, a MARA mira alcançar 75 EH/s de hashrate até o fim do ano, apesar do desempenho inferior das ações. (11)
A fila de entrada de validadores do Ethereum atingiu 1,5M ETH, enquanto 2,45M ETH aguardam saída, evidenciando participação crescente na rede. O mecanismo de limitação regula ativações e retiradas, evitando volatilidade. O avanço no staking revela maior confiança institucional e migração para staking nativo, com participantes de longo prazo abrindo mão de liquidez por controle direto e rendimento estável. Apesar do limite de 32 ETH e das filas para saída, o crescimento reforça o papel do Ethereum como camada central de liquidação para DeFi e stablecoins globais. (12)
A Canaan Inc., mineradora de bitcoin listada na Nasdaq, levantou US$ 72M em rodada de equity com BH Digital (Brevan Howard), Galaxy Digital e Weiss Asset Management. A operação envolveu emissão de 63,7M ADSs por US$ 1,131 cada, sem warrants ou derivativos. Os recursos vão reforçar o caixa, financiar infraestrutura energética e reduzir dependência de novas captações. O negócio reforça a confiança institucional na tecnologia da Canaan e sua aposta em projetos de computação de alta utilidade. (13)
A Harmonic, startup de infraestrutura Solana, captou US$ 6M em rodada seed liderada pela Paradigm com apoio de investidores do ecossistema. A empresa desenvolve o primeiro sistema aberto de block-building da rede, permitindo que validadores recebam blocos de múltiplos builders concorrentes em tempo real, eliminando gargalos e aumentando a performance. O modelo de agregação da Harmonic traz execução “nível bolsa de valores” à Solana, aproximando a rede do padrão Nasdaq em confiabilidade e throughput. (14)
A Liquid, agregadora descentralizada de perpétuos que integra trading, yield e gestão de risco em um só app, captou US$ 7,6M em rodada seed liderada pela Paradigm, com participação da General Catalyst e investidores como Ashwin Ramachandran (Nova Fund | BH Digital), Eric Wu (Opendoor) e Vlad Novakovski (Lighter). A plataforma conecta venues como Hyperliquid, Lighter e Ostium, oferecendo acesso e analytics integrados. A Liquid já processou mais de US$ 500M em volume, mirando usabilidade institucional para traders de varejo. (15)
Foram fechados 18 negócios na semana anterior, sendo 7 em Infraestrutura (39% do total por setor), 5 em Data (28%) e 6 em DeFi (33%).

Resumo Semanal de Deals Venture, Fonte: Cryptorank e Gate Ventures, em 10 de novembro de 2025
O volume total de funding divulgado na semana anterior foi de US$ 250M, com 11% dos negócios (2/18) sem valor informado. O principal aporte veio de Infraestrutura, com US$ 137M. Os negócios de maior destaque: Canaan US$ 72M, Future US$ 35M.

Resumo Semanal de Deals Venture, Fonte: Cryptorank e Gate Ventures, em 10 de novembro de 2025
O total semanal de captação atingiu US$ 250M na primeira semana de novembro de 2025, aumento de +26% em relação à semana anterior. O crescimento anual para o período foi de +616%.
Gate Ventures, braço de venture capital da Gate.com, investe em infraestrutura descentralizada, middleware e aplicações que estão remodelando o mundo na era Web3. Atuando junto a líderes globais, a Gate Ventures apoia equipes e startups com ideias e competências para redefinir as interações sociais e financeiras.
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