Ontem, olhando para a conta cheia de verde - o Bitcoin desmoronou, o Ethereum caiu junto, e as poucas moedas que eu tinha não se saíram bem. No grupo de discussão, havia pessoas que xingavam o criador de mercado por manipulação, outros reclamavam com raiva de fatores geopolíticos, até que um amigo que faz trading macroeconômico soltou uma frase que me fez despertar instantaneamente: "Não fique adivinhando, pode ser que no Japão realmente estejam prestes a aumentar as taxas de juros."

Na altura, eu estava confuso. Aumentar as taxas de juro no Japão? Que relação direta tem isso com o meu trading de moedas?

Mas, depois de ouvir a lógica por trás, as costas começaram a ficar frias. Afinal, nos últimos vinte anos, quase 40 trilhões de dólares foram usados para brincar com o mesmo truque - pegar empréstimos em ienes a baixo custo e trocá-los por dólares para investir em Bitcoin, metais preciosos e ações dos EUA. O Banco do Japão é como a "torneira de água" do sistema financeiro global, sempre aberta, permitindo que uma infinidade de fundos tenha acesso a dinheiro barato. Mas o problema surge: assim que o Japão aperta a política e aumenta as taxas de juros, a primeira reação desse pessoal é sempre a mesma - vender rapidamente os ativos e trocar por ienes para pagar dívidas. Veja, é por isso que assim que há um pequeno tremor no Japão, os preços de todos os tipos de ativos no mundo caem coletivamente. Não é que esses ativos tenham piorado, mas sim que uma enorme quantidade de liquidez barata foi instantaneamente absorvida.

Essa "dependência da torneira do banco central" me fez começar a pensar em uma questão mais profunda: nós nos vangloriamos de sermos descentralizados o dia todo, mas o poder de precificação dos ativos globais está nas mãos da taxa de juros do banco central japonês? Essa percepção me estimulou a buscar uma nova possibilidade - um sistema de valor que realmente não seja sequestrado pela política financeira de nenhum país único. Cada vez mais projetos estão explorando a combinação de ativos cripto supercolateralizados com mecanismos de transparência total na cadeia, tentando construir um sistema de valor estável "autociclante", livre da dependência invisível dos bancos centrais tradicionais.