Sócio da Pantera: Os VC de criptomoedas retornam ao profissionalismo e à racionalidade, qual será a próxima onda de investimento?

Original: Pantera Capital

Compilado & organizado por: Yuliya, PANews

Recentemente, dois parceiros do fundo de capital de risco de topo Pantera Capital, Paul Veradittakit e Franklin Bi, analisaram o estado atual e as mudanças no mercado de investimentos em criptomoedas em seu primeiro podcast. Eles revisitaram a onda de especulação com altcoins dos últimos anos, analisaram o fenômeno de recordes de financiamento este ano e a grande queda no número de transações, além de debater temas como estratégias de investimento em projetos, rotas de saída, DAT, tokenização e provas de conhecimento zero. A PANews organizou e compilou o conteúdo deste blog.

O investimento em criptomoedas volta a ser profissional e racional, a capacidade de execução das equipes e a valorização dos ativos são essenciais na competição por DATs

Apresentador: Hoje vamos falar sobre o estado atual do risco de investimento em criptomoedas. Os dados mostram que, este ano, o valor total de financiamento atingiu um recorde de 340 bilhões de dólares, mas o número de transações caiu quase pela metade em relação a 2021 e 2022, além de o capital estar mais direcionado a projetos de estágio avançado. Como vocês interpretam essa “dualidade” de crescimento de financiamento e queda de transações?

Franklin: Essa questão é muito pertinente. Para entender o cenário, precisamos revisitar 2021 e 2022, que foram os anos do “metaverso”. Na época, juros zero e alta liquidez impulsionaram uma explosão de atividades especulativas. Contudo, muitas transações eram baseadas em fundamentos frágeis, todos contando histórias movidas apenas pela imaginação. Investidores não tinham uma avaliação clara de como projetos de metaverso poderiam ser bem-sucedidos, o que levou a uma enxurrada de fundos para projetos que talvez nem deveriam receber investimento. Depois, refletindo, percebemos que a questão fundamental era: em um ambiente sem regulamentação clara para stablecoins, como seria possível levar todos para um mundo totalmente digitalizado de metaverso? Essa lógica não faz sentido.

Paul: Outro motivo é que, naquele período, houve uma “alta de mercado de altcoins”, e agora ainda não há. Atualmente, o mercado é dominado por Bitcoin, Solana e Ethereum. Sem o entusiasmo por altcoins, não há tanta entrada de investidores de varejo, family offices e pequenos empresários investindo em projetos iniciais. O capital agora vem de fundos de criptomoedas mais profissionais, mais institucionalizados, com due diligence mais rigorosa e investimentos mais concentrados. Isso significa menos transações, mas com maior qualidade e valor por transação. Especialmente após o surgimento de stablecoins e casos de uso reais de pagamento, fundos tradicionais de fintech também entraram, com um estilo mais enxuto e focado.

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Apresentador: De fato, agora há mais foco na “saída”, ou seja, na realização de lucros. A abertura de capital da Circle (IPO) foi um marco, mostrando aos investidores de risco uma rota clara de saída.

Franklin: Exatamente, o IPO da Circle é muito importante. Ele finalmente completou a última peça do quebra-cabeça do ciclo de investimento. Antes, todos especulavam sobre como o mercado reagiria após uma empresa de criptomoedas abrir capital. Agora, com exemplos como Circle e Figure (uma empresa de tokenização de ativos do mundo real), os investidores têm mais segurança. VCs agora podem ver claramente que um projeto pode passar do seed até o IPO, e essa trajetória é viável. Assim, eles podem avaliar melhor a probabilidade de sucesso de um projeto desde o seed até a listagem final, reduzindo o risco percebido no setor.

Paul: Concordo, quando entrei na área, achava que o ETF de Bitcoin seria aprovado em até dez anos, mas levou mais de uma década. Agora, a infraestrutura finalmente está pronta, criando condições para grandes saídas. Além disso, a forma de saída também mudou, de emissão de tokens (TGE) para listagem em mercado público. Investir em ações ou tokens é um público e uma expectativa completamente diferentes. Nos últimos dois ou três anos, vimos muito mais negociações de ações do que de tokens, o que explica a queda no volume de transações.

Apresentador: Além do IPO, surgiram novas ferramentas, como os “DATs” (Digital Asset Vaults). Eles parecem ter desacelerado recentemente. Como vocês veem o futuro deles?

Franklin: A existência dos DATs mostra que o mercado tem uma compreensão mais madura de ativos digitais. Você pode imaginar os DATs como uma “máquina”. Antes, podia-se comprar um barril de petróleo ou ações da ExxonMobil. Comprar ações rende mais, porque você está adquirindo uma “máquina” que continuamente extrai, refina e cria valor. Os DATs são essa “máquina” no universo de ativos digitais, que não é apenas uma posse passiva, mas uma gestão ativa para gerar mais retorno. Hoje, o mercado está em desaceleração, e as pessoas percebem que isso não é só especulação, mas que a equipe de gestão precisa ter capacidade de execução. Essa mudança é positiva, pois indica que o mercado está voltando à racionalidade e buscando qualidade.

Acredito que os DATs não vão desaparecer de vez; ferramentas de investimento com gestão ativa sempre terão seu valor. Acho até que, no futuro, as próprias fundações dos projetos podem se transformar em DATs, usando ferramentas mais profissionais de mercado de capitais para administrar seus ativos, ao invés de muitas fundações serem meramente simbólicas.

Paul: Vejo que a febre de criação de DATs nos EUA pode estar chegando ao fim, mas há um grande potencial na Ásia-Pacífico e na América Latina. No futuro, esse mercado passará por uma fase de consolidação, onde apenas as equipes com forte capacidade de execução e que consigam valorizar continuamente seus ativos vencerão.

Tendências de investimento em criptomoedas: infraestrutura precisa de validação, aplicações de consumo precisam ganhar destaque

Apresentador: Depois de discutir o cenário atual, olhemos para o futuro. Dados mostram que, no último ano, os setores de finanças, consumo, infraestrutura e IA foram os que mais atraíram capital. Na sua opinião, qual será o próximo grande foco de investimento?

Franklin: Tenho dois focos principais. O primeiro é tokenização. Apesar de ser um tema antigo, é uma tendência de décadas que está apenas começando. Desde 2015, acompanho esse setor, que levou uma década para passar de uma ideia para uma fase com participação de instituições e clientes reais. É como na internet inicial, quando as pessoas apenas transferiam jornais para a web. Hoje, “copiar e colar” ativos na blockchain é eficiente e global, mas o potencial real está em que esses ativos podem ser programados com contratos inteligentes, criando novos produtos financeiros e modelos de gestão de risco.

O segundo foco é tecnologia ZK-TLS, ou “provas de conhecimento zero na rede”. Simplificando, a blockchain sofre do problema de “lixo entra, lixo sai”: se os dados na cadeia forem incorretos, a blockchain, por mais forte que seja, não ajuda. A tecnologia ZK-TLS permite verificar a autenticidade de dados fora da cadeia (como extratos bancários ou registros de transporte) e trazê-los para a cadeia, sem expor os dados em si. Assim, suas ações em aplicativos como Robinhood ou Uber podem interagir com o mercado de capitais na blockchain de forma segura, criando aplicações inovadoras. Além disso, o JPMorgan foi um dos primeiros parceiros das equipes Zcash e Starkware, indicando que a tecnologia de provas de conhecimento zero já existe há algum tempo, mas só agora está se tornando viável em larga escala. Com infraestrutura adequada e talentos, essa tecnologia está amadurecendo.

Paul: Complementando, primeiro, na tokenização, as stablecoins são o aplicativo mais claro e de maior impacto. Com regulações mais claras, elas estão liberando o potencial de “moeda sobre IP”, tornando pagamentos globais mais baratos e transparentes. Quando entrei na área, minha primeira missão foi buscar mercados com demanda real por criptomoedas. Descobrimos que, na América Latina e Sudeste Asiático, as stablecoins são a melhor porta de entrada para que pessoas comuns adotem o universo cripto.

Segundo, tenho grande expectativa em relação a mercados de previsão e consumo. Desde plataformas tradicionais como Augur até Polymarket, esse setor está em expansão. Permite que qualquer pessoa crie mercados e aposte sobre qualquer tema (como resultados de empresas ou eventos esportivos), sendo uma nova forma de entretenimento e uma ferramenta eficiente e democrática de descoberta de informações. A potencialidade de criar mercados sobre diversos temas, com regulamentação, economia e custos mais favoráveis, vai gerar um fluxo de informações sem precedentes na mídia e no trading.

Franklin: Tudo isso mostra que os mercados de capitais na blockchain não são apenas uma cópia do mercado tradicional. Por exemplo, na América Latina, muitas pessoas, ao fazer seu primeiro investimento em Bitcoin via plataformas como Bitso, nunca tiveram ações, mas logo poderão acessar derivativos complexos como contratos perpétuos. Essa “transição financeira geracional” significa que eles podem nunca mais usar as ferramentas tradicionais de Wall Street, pois as consideram ineficientes e difíceis de entender.

Otimismo ou pessimismo? Sobre exchanges, cadeias de pagamento e privacidade

Apresentador: Agora vamos jogar um jogo chamado “Otimismo ou Pessimismo”. Primeira pergunta: se você tivesse que manter um investimento por três anos, compraria ações da Robinhood (HOOD) ou da Coinbase (COIN)?

Franklin: Eu escolheria Robinhood. Porque acho que o mercado ainda não entendeu completamente suas ambições. Robinhood não quer ser só uma corretora; quer integrar verticalmente liquidação, negociação e outros processos, tornando-se uma plataforma de tecnologia financeira autônoma. Já a visão da Coinbase (fazer todos entrarem na blockchain) é mais ambiciosa, e levaria 10 a 20 anos para se consolidar. Em três anos, é difícil o mercado absorver tudo isso.

Paul: Então, eu teria que escolher Coinbase. Acredito que o mercado subestimou o potencial da Coinbase em negócios institucionais e expansão internacional. Com regulações globais mais claras, a Coinbase pode adquirir e conquistar rapidamente mercados internacionais, além de oferecer “cripto como serviço” para grandes instituições financeiras tradicionais.

Apresentador: Eu também prefiro Robinhood. Ela já provou que consegue lançar produtos rapidamente e monetizá-los com sucesso.

Apresentador: E quanto a uma “cadeia de pagamento exclusiva” para stablecoins, otimista ou pessimista?

Paul: Sou curioso, não pessimista. Criar uma cadeia específica para cenários de pagamento, com otimizações de escalabilidade e privacidade, tem valor. Por exemplo, a cadeia Tempo, da Stripe, embora não seja neutra, com recursos da Stripe, certamente terá escala significativa.

Franklin: Eu sou um pouco mais pessimista. Porque, a longo prazo, o valor tende a fluir para o usuário final, não para plataformas que tentam prender o usuário. Os usuários vão preferir os ambientes mais abertos e líquidos, e não ficar presos a uma única cadeia. Em um mundo aberto de criptomoedas, a vantagem de canais de entrada será bastante reduzida.

Apresentador: E por último, privacidade é um setor que vale a pena investir?

Franklin: Pessimista. Vejo a privacidade como uma funcionalidade, não um produto. Quase todos os aplicativos precisarão de funcionalidades de privacidade, mas essa funcionalidade, por si só, é difícil de monetizar, pois qualquer avanço técnico pode ser open source.

Paul: Eu vejo de forma oposta. Para usuários comuns, talvez não seja uma prioridade, mas para empresas e instituições, privacidade é uma necessidade. A oportunidade de investimento está em quem consegue combinar tecnologia com conformidade, oferecendo soluções comerciais e tornando-se padrão do setor.

Rejeitando privilégios de investidores, a guerra das blockchains públicas ainda não acabou

Apresentador: Vamos falar sobre um tópico quente no Twitter. A primeira questão é sobre o período de lock-up de tokens. Alguns dizem que deve ser de quatro anos, outros que deve ser imediato. Qual a sua opinião?

Franklin: Na verdade, não gosto muito desse tema. Porque a premissa está errada: as pessoas acham que “se investi, o valor deve subir”. Mas a dura realidade do venture capital é que 98% dos projetos acabarão zerados. Quando um projeto falha, o motivo principal é que ele não tinha valor, não por causa do período de lock-up.

Paul: Entendo as dificuldades dos fundadores. O preço do token é importante para motivar a comunidade e facilitar rodadas futuras. Mas, do ponto de vista do projeto, um lock-up razoável (como 2 a 4 anos) é necessário, pois dá tempo à equipe para desenvolver o produto e alcançar metas, evitando uma queda precoce do preço.

Apresentador: Então, os fundadores e investidores deveriam ter o mesmo período de lock-up?

Franklin: Sim, deve ser igual. Nosso princípio é “uma equipe, um sonho”. Se investidores buscarem condições especiais para sair antes, isso indica que não pretendem seguir com o projeto a longo prazo, e esse sinal é destrutivo.

Apresentador: E a última questão: “A guerra das L1s acabou?”

Paul: Acho que ela continuará, mas não com tanta intensidade. No futuro, não surgirão tantas novas L1s, mas as existentes seguirão por suas próprias comunidades e ecossistemas.

Franklin: Concordo, que agora há mais atenção em como as L1s podem capturar valor. Ainda é cedo para dizer que as L1s morreram, pois a tecnologia evolui e as formas de captura de valor também. Como o Solana, que muitos diziam estar morto, mas que, se você acreditar que ainda tem potencial, pode lucrar bastante. Enquanto houver usuários ativos na cadeia, sempre haverá maneiras de capturar valor. No final, “taxas de prioridade decidem tudo”: onde há competição, há valor.

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